Afros e afoxés reafirmam as tradições do povo negro no circuito Osmar
São mais de 40 anos trazendo o som de atabaques e tambores para as avenidas que compõem os circuitos carnavalescos de Salvador. Aliando músicas, arranjos e indumentárias que reforçam as tradições de matriz africana durante a folia, os blocos afro apresentam um show à parte durante o desfile e encantam turistas e baianos todos os anos.
Alguns afros como o Malê Debalê, Muzenza, Mangolê e Ilê Aiyê - uma das mais tradicionais entidades afro do Carnaval e que conta com mais de 3 mil associados - desfilam no circuito Osmar (Campo Grande) neste sábado (10) de folia. Ao tocarem seus tambores, os blocos dão visibilidade ao povo negro e de santo e alertam a sociedade sobre temáticas importantes, como o combate à intolerância religiosa e ao racismo.
Uma das atrações mais esperadas no Centro hoje é o afro Ilê Aiyê, que tem como tema "Mandela: A Azania celebra o centenário do seu Madiba", prestando homenagem ao líder rebelde, posteriormente eleito presidente da África do Sul, Nelson Mandela.
O primeiro bloco percussivo feminino da Bahia, puxado pela banda Didá, passou pelo circuito Osmar (Campo Grande) pedindo respeito e chamando a atenção dos foliões para o combate à violência contra a mulher. Neste Carnaval, a Didá trouxe o lema "Nós de fé, coragem e proteção". Um dos destaques do desfile em 2018 é a antecipação das comemorações pelos seus 25 anos de existência, celebrados em dezembro.
O bloco apresenta um bonito espetáculo todos os anos, trazendo mulheres negras de todas as idades enfeitadas e turbantadas, reafirmando o empoderamento negro e feminino. O bloco ainda apresenta alas especiais compostas por baianas, percussionistas e rezadeiras.
Com o tema "Basta ao genocídio da sociedade negra", o bloco afro Kirin Efan também marcou presença no circuito Osmar neste sábado. Com fantasias nas cores branco e vermelho, o destaque do bloco ficou por conta dos adereços em dourado. Dividido em três alas - músicos de sopro, bailarinos e baianas - homens e mulheres negras transmitiram uma mensagem de paz para os soteropolitanos.
Tradição carnavalesca - Neste domingo (11), será a vez do afoxé Filhos de Gandhy purificar o circuito com água de cheiro e muito ijexá, pedindo “Tradição, paz e amor”, tema do bloco este ano. O afoxé é o que possui maior número de associados, aproximadamente 7 mil homens, que desfilam todos os anos de azul e branco inspirados pelo ativista da não-violência Mahatma Gandhi. Em 2018, o afro completa 69 anos de história na folia baiana.
Reconhecendo a importância cultural das entidades afro e sua importância para a manutenção da história baiana, a Prefeitura concedeu este ano um apoio de R$1 milhão a 39 blocos afros e afoxés, por meio da Secretaria de Cultura e Turismo (Secult).
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