Uma das mais emblemáticas vias de Salvador, a Avenida Sete de Setembro receberá, até o final do ano, intervenções que prometem impactar positivamente na rotina dos transeuntes e dos comerciantes que atuam na região. O projeto para a revitalização da área foi concebido pela Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), dentro do programa Salvador 360, que prevê investimentos públicos de cerca de R$3 bilhões em infraestrutura na cidade. E os recursos para a revitalização, estimados em quase R$20 milhões, são do oriundos dos Programas Regionais de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), cujo contrato, no valor total de US$105 milhões, foi assinado no último dia 6 entre a Prefeitura e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), num momento histórico para a capital baiana.
“Consideramos a Avenida Sete um dos mais importantes comércios de rua que temos em Salvador. É a economia local com uma dinâmica muito forte, além de ser o mais importante acesso que se tem para ir ao Centro Histórico”, diz a presidente da FMLF, Tânia Scofield. Ela ressalta que o conceito central da requalificação é dar conforto aos comerciantes, aos consumidores e aos moradores, mantendo as características originais da via e valorizando o comércio informal. Aliás, quem costuma andar pela avenida sabe que em determinados períodos do ano, principalmente antes de datas comemorativas, como Dias da Mães e Natal, o fluxo de pessoas aumenta consideravelmente. Parte da aglomeração é causada pelo comércio informal e pela movimentação de compradores que aparecem em busca de algum tipo de serviço ou atendimento.
Dentre as propostas da Prefeitura para a região está o alargamento do lado esquerdo do passeio, do Campo Grande até a Praça Castro Alves, para 5 metros - quase dois a mais do que existe hoje em determinadas extensões. A ideia é garantir, além de comodidade, acessibilidade das pessoas com mobilidade reduzida. No trecho entre a Rua das Mercês e o Relógio de São Pedro, serão implantados três parklets – espaços contíguos aos passeios, que têm como objetivo oferecer à população mais aconchego e convívio. “É um projeto que valoriza o pedestre”, reforça Tânia Scofield.
Além disso, toda a pavimentação de pedras portuguesas será restaurada, mas com acréscimo de áreas de acessibilidade composta por faixa de granito liso. O aspecto paisagístico também será melhorado, pois as fiações provenientes das redes de telecomunicações ficarão sob o solo. Serão ainda instaladas iluminação em LED e um sistema de câmeras de segurança suficiente para dar toda cobertura ao trecho revitalizado.
Presidente da Associação Integrada de Vendedores Ambulantes e Feirantes de Salvador (Assidvan) e vendedor de bijuterias no Largo do Rosário há duas décadas, Valmir Fonseca, 53, acredita que a revitalização levará resultados positivos ao comércio formal e informal. "Ainda vamos sentar à mesa para descobrir com quais tipos de equipamentos deveremos trabalhar e se haverá realocações, mas a expectativa é que o turismo seja impulsionado, o que consequentemente vai trazer melhorias para as vendas". Já o vendedor de frutas Adriano de Jesus Santos, que atua na Rua 21 de Abril há 18 anos, também aguarda ansiosamente pelas obras. "Acompanhei tudo o que foi feito na gestão atual da Prefeitura, que mudou a cara da cidade. Eu espero que traga melhoras em limpeza e segurança".
Preservação - De acordo com Tânia Scofield, as intervenções preservarão as características urbanísticas históricas da Avenida Sete, que possui 101 anos de existência. “Eu diria que o projeto preserva integralmente as características dela. Não muda muito. Continuará com pedras portuguesas. Os oitis centenários permanecerão, os passeios com brasões de edificações tombadas, como têm próximo ao Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, e igrejas de São Pedro e do Rosário, serão conservados”, explica a presidente da FMLF. Toda a construção será dividida por etapas, que estão sendo discutidas pela Prefeitura para interferir o mínimo possível no comércio local. A região ainda passará pela fase de arqueologia para investigação do subsolo.
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