Morar Melhor emprega moradores de areas beneficiadas e possibilita beneficiados a reformarem casas dos próprios bairros
Ao todo, 50 localidades já foram contempladas pelo programa de melhorias habitacionais, que emprega moradores de áreas beneficiadas
Das mãos de Joalto Bispo, 32, as fachadas da Vila Imbassahy, no bairro de Macaúbas, ganham cor e destaque. A obra do imóvel de número 11 seria mais uma entre tantas outras que já realizou como pedreiro, mas essa tem significado especial: é feita na casa de dona Olga dos Santos, 50, que o viu crescer. Joalto foi uma das dez pessoas selecionadas para trabalhar na comunidade onde moram pelo programa Morar Melhor, realizado pela Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra).
A vaga surgiu em momento oportuno, visto que o rapaz já estava há um ano e meio sem trabalho. “A obra aqui é boa demais. Eu já conheço a vizinhança e estou perto de casa. Não preciso enfrentar o transtorno do deslocamento. Além disso, é experiência no currículo e possibilidade de contratação”, conta. A trabalhadora autônoma Olga dos Santos, 50, agradece: “Eu sempre sonhei em ver a casa pintada, mas não tinha condições de pagar por um serviço que custa em média três mil reais”, diz.
Também morador da região, o pedreiro Israel Ferreira, 33, teve uma missão única: reformar a casa onde vive desde que nasceu, sem pagar nada pelos materiais, e com remuneração de mais de um salário mínimo. A obra incluiu a troca de janelas, porta, reboco e pintura da frente e lateral. “Essa reforma caiu do céu, e é claro que eu caprichei”, afirma, em tom de brincadeira.
Ao todo, 200 casas foram beneficiadas pelo programa Morar Melhor na Rua Vila Imbassahy, com reformas de até R$ 5 mil, que incluem serviços de pintura e reboco da fachada; troca de esquadrias (portas, janelas, portões, venezianas); instalações sanitárias; e recuperação ou troca do telhado. Além de beneficiar os moradores, o programa é uma oportunidade de trabalho para quem vive no local e já atua na área de construção civil, pois o aproveitamento de mão de obra local é uma das prerrogativas do Morar Melhor. O cadastro do programa é feito pela Secretaria Municipal de Promoção Social, Esporte e Combate à Pobreza (Semps).
Investimentos – Desde que foi lançado pelo prefeito ACM Neto, em outubro de 2015, 14 mil casas já foram reformadas com investimentos que ultrapassam R$ 53 milhões. A meta é restaurar 100 mil residências com aporte de R$ 500 milhões, em cinco anos de programa. Graças ao bom resultado, o Morar Melhor será premiado com o Selo de Mérito Especial no Fórum Nacional de Habitação e Interesse Social, no dia 24 de agosto. O selo é promovido pela Associação Brasileira de Cohabs e Agentes Públicos e pelo Fórum Nacional de Secretários de Habitação e Desenvolvimento Urbano. São premiados projetos que apresentam resultados de boas práticas em habitação.
Ao todo, 50 bairros já foram contemplados pelo Morar Melhor. A escolha obedece a alguns critérios sociais: são escolhidos, prioritariamente, os que têm maior predominância de domicílios com alvenaria sem revestimento; maior número de pessoas abaixo da linha de pobreza (renda per capta inferior a R$ 70,00); maior densidade habitacional; maior quantidade de mulheres chefes de famílias, além da precariedade habitacional obtida a partir da observação de campo.
Modelo – Inspirado na iniciativa, em novembro de 2016, o governo federal lançou o Cartão Reforma, programa que visa auxiliar moradores de comunidades carentes a reformar suas casas com um auxílio de até R$ 5 mil em materiais de construção. Com orçamento de R$ 500 milhões para o projeto apenas para este ano, o governo prevê que 3,5 milhões de famílias serão beneficiadas pelo programa. Além disso, outras prefeituras vêm procurando Salvador para conhecer e implantar programas semelhantes ao Morar Melhor em seus municípios. O programa também já foi apresentado pelo vice-prefeito de Salvador, Bruno Reis, para gestores de todo o país no Senado.
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