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segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

QUEM TEM FE ...VAI A PE. TRADIÇAO, FE E HISTORIA

EM DIREÇAO A COLINA SAGRADA




Fotos: Maria Lulu Luluruts
A tradicional Lavagem do Bonfim, uma das manifestações culturais e populares mais significativas para o povo baiano, é celebrado na segunda quinta-feira do ano. O cortejo das baianas e a procissão dos fiéis católicos percorre um circuito de 8 quilômetros, partindo da Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia, no bairro do Comércio até a Colina Sagrada, no Bonfim onde acontece a lavagem das escadarias da igreja.
      Os festejos têm início por volta das oito horas da manhã, com a realização do Ato Ecumênico área externa da Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia, que além de contar com a presença de autoridades políticas locais, recebe líderes e representantes de diversas correntes religiosas, saudando os milhares de presentes com mensagens de paz e confraternização entre os povos, suas crenças e costumes.
Em seguida, a multidão de fiéis e simpatizantes segue os 8 quilômetros em direção a Colina Sagrada, para a tão esperada lavagem das escadarias do templo. Diversas entidades culturais, entre afoxés, grupos de capoeira, mascarados e bandas de sopro e percussão garantem o entusiasmo dos que seguiram o cortejo.
Ao som do Hino ao Senhor do Bonfim, as Baianas – mulheres geralmente ligadas aos cultos afro-brasileiros, como o candomblé, empunhando quartinhas de água de cheiro e caracterizadas com suas vestes e adornos que as tornaram mundialmente conhecidas – encerraram o dia de celebração religiosa, aspergindo sobre o povo o líquido cheiroso de seus vasos, tido como portador de boas energias e proteção, a exemplo da água benta utilizada nos ritos católicos. Em seguida, tem lugar o lado profano da festa, no largo da Igreja, com a animação de barracas de bebidas e comidas típicas e muita música, onde os populares levam sem hora para acabar, num misto de fé e alegria.
Historicamente, as homenagens tiveram início em 1754, quando a imagem do Senhor Crucificado – trazida em 1745 pelo Capitão do Mar e Guerra da Marinha Portuguesa, Teodósio Rodrigues – foi transferida da Igreja da Penha, em Itapagipe, para a sua própria Igreja, construída na Colina Sagrada.
O ato de lavar a igreja iniciou em 1773, quando os membros da Irmandade “Devoção do Senhor do Bonfim” obrigaram os escravizados a lavar a igreja em preparação a festa que aconteceria no domingo após o Dia de Reis. Os povos negros que executavam esta tarefa passaram a oferecer este momento a seus orixás, usando do encontro de preparo para homenagear e festejar Oxalá.
 Devido ao sincretismo, os adeptos do candomblé associavam a imagem de Jesus à Oxalá, assim como a de Jesus crucificado à Oxalufan (uma representação de Oxalá velho). A lavagem tornou-se uma forma de também reverenciar os orixás. As filhas e mães de santo vestiam-se de branco (cor que representa Oxalá), lavavam a igreja com água de cheiro e faziam celebrações do culto ao orixá. Hoje, a lavagem reúne fiéis de todas as crenças e credos.

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